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Que país é esse? (É a p&%$ do Brasil!)

Generalizações são estúpidas eu tenho consciência disso. E sei que esse é um blog de relações internacionais, mas vez ou outra, assuntos distintos despertam a vontade de escrever. E tenho me perguntado nos últimos dias que porcaria de país é esse que vivemos? Espalharam-se pela internet as imagens de ofensas coletivas e ameaças a uma jovem estudante de turismo da tal Uniban. Que foi vítima de tal perseguição por que estaria com um vestido pequeno demais!!!!

Ora mas que p... é essa! Desde quando o traje de alguém da margem a cenas de barbárie e tentativas de humilhação e condenação de alguém.

Eu sou católico (praticante, existiria outro tipo?) muito devoto e tenho bastante claro que HOMENS e MULHERES devem evitar comportamentos escandalosos e serem modestos ao vestir como forma de piedade com o próximo. Esse como todo chamamento moral é feito as nossas consciências individuais, temos a liberdade de optar ou não em aceitar em chamado.

Agora nem meu apreço a esse valor moral e religioso concebe que para vivê-lo eu tenha que me comportar escandalosamente atacando alguém.

Chama a atenção nos vídeos não só os boçais do sexo masculino, mas as boçais do sexo feminino que incitam, ofendem e vilipendiam a moça (creio que deveria existir uma rixa anterior o que não atenua, por sinal piora o ocorrido) fazendo as mais baixas ilações com base nas roupas dela. Isso tem nome: Preconceito, tem outro: Hipocrisia.

A mentalidade que levou a isso é a mesma que alimenta ataques as prostitutas e travestis que fazem ponto na rua, uma barbárie covarde e sem sentido. Por que se você odeia a prostituição, você não vai a zonas de meretrício. Ou participa de alguma ação para oferecer alternativas que retirem essas pessoas da rua. A agressão é distúrbio moral e de caráter de quem se julga inimputável e que se julga ser possuidor do padrão pelo qual todos devem ser julgados.

Não tolero que tentem culpar isso num suposto moralismo, por que alguém que vive a luz da moral religiosa cristã católica (maioria no país) jamais se permitiria participar de um ato desses, contrário a lei, contrário a caridade e preconceituoso.

Ora alguém que se sentisse verdadeiramente ofendido pelos trajes da moça deveria recorrer as instancias da universidade e saber se há um código de vestimenta. Em caso negativo deveria se organizar e tentar que um fosse instaurado. E sabendo que poderia não ter êxito em seu pleito e nesse caso deveria aceitar e conviver com o diverso a isso chamamos democracia.

Agora formar turbas linchadoras para provocar o sofrimento e sadicamente rir e se deliciar das lágrimas e do sofrimento de outro ser - humano. Que tipo de pessoa faz isso? Que tipo de celerado se diverte com a humilhação do próximo?

E isso por quê? Por que a moça não é da turminha, da panelinha? Por que tava de vestidinho? É a suma contradição, paradoxo diria agir de maneira tão indecorosa em protesto a uma pretensa falta de decoro dessa moça.Que país é esse? Será essa a juventude do Brasil? Qual o próximo passo uso obrigatório de burcas?

Estou consternado por que esse é só um exemplo da virulência e crueldade que corrompem e desvirtuam a capacidade de viver em sociedade. Sem dúvidas uma involução.

E depois somos nós homens e mulheres de fé que somos intolerantes e radicais. Cenas lamentáveis que despertaram essas palavras emotivas e pouco objetivas e por isso peço perdão, mas o vilipendio e o escárnio com essa moça são inaceitáveis.

Perdão pelo OFF TOPIC.

Comentários

Anônimo disse…
Ok, concordo contigo... foi injustiça e tudo mais.... mas espera um pouco... essa moça Geise (acho que é assim o nome dela), teve te uma bela culpa no cartório... ou seja não é "santinha" para poder ter ocorrido o que aconteceu...
Mário Machado disse…
Ser santa ou não. Não anula de maneira alguma o cerne da questão que é o linchamento moral de alguém.

As regras do convivio social e as leis não fazem essa distinção. Fica uma pergunta exagerada, mas que tem a ver com isso. O estupro a uma prostitua de rua é menos grave do que o estupro de uma freira?
Anônimo disse…
Bem, pode até se dizer que sim até certo ponto... a prostituta terá sua moral menos afetada do que a freira no caso de estupro mas perante a lei concerteza tem o mesmo impacto... concordo contigo em tudo que disse anteriormente no caso do linchamento moral da moça... mas o que podemos fazer? prender os estudantes que fizeram o "protesto"? concerteza não... devemos nos "conformar" e ter respeito para com ela... ou para com qualquer pessoa, mesmo sendo prostituta ou freira...
Mário Machado disse…
Pacta sunt servanda.

A cada um conforme sua culpa, eu no lugar dela entraria com processos civis. Já do ponto de vista criminal depende da autoridade policial e do Ministério Público.

A punição as transgressões faz parte da democracia.
Anônimo disse…
No que se refere ao direito de ir e vir, ou no caso, vestir-se da maneira que quiser tem suas implicações. Somos livres e devemos arcar com as consequências de nossos atos . Cada um deve saber que devemos nos vestir de acordo com o ambiente que estamos (não isentando a culpa dos estudantes neste caso, pois extrapolaram nas atitudes). Não podemos sair por aí com qualquer roupa porque "achamos" que somos livres, temos que nos dar valor, isso não quer dizer que quem sai com roupas "indecentes" não tenha valores.Mas, ao ir à igreja, à escola, ... não devemos ir com a mesma roupa de praia, balada...Cabe a cada um o bom senso.

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