Sem dúvidas essa foi uma semana quente em todos os campos das relações internacionais todos os anos essa época é dedicada a Assembléia Geral das Nações Unidas, contudo, esse ano a pauta convergiu para que cronologicamente e geograficamente em Nova Iorque e Pittsburgh todos os hot topics das relações internacionais. Meio-Ambiente, Proliferação Nuclear, Liberalização Comercial, Oriente Médio e fungibilidade de poder.
O calor começou com a reunião preparatória para a Cúpula de Copenhagen promovida pelo Secretário Geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon e a questão do clima é uma das questões mais ácidas (sem trocadilhos) e mais problemáticas do sistema internacional que coloca emergentes e desenvolvidos em rota de colisão não só entre os dois grupos como internamente e ambos tem ojeriza a compromissos e metas. E esse assunto é um dos que mais temos redes sociais multinacionais agindo e criando grupos de pressão de opinião pública que obviamente não se encerram em fronteiras.
Obama e a Europa reforçaram seu discurso contra a proliferação nuclear, com especial ênfase na Coréia do Norte e no Irã, com até mesmo a Rússia sinalizando pressionar o Irã e renovar e ampliar o acordo de redução de seu arsenal que mantém com os EUA, que claro se comprometem ao mesmo. Um passo que pode reforçar e resgatar o combalido Acordo de não proliferação nuclear, que tem como principal crítica a seu conteúdo o congelamento do status nuclear, uma redução dos arsenais pode ser um bom sinal para atenuar essa desconfiança.
No front comercial podemos ver que a insistência brasileira por desdobramentos em Doha pode levar não a conclusão da rodada, mas evita que o tema saia da agenda prioritária e consegue com que os principais países do sistema condenem o protecionismo, assim no pior cenário se evita retrocessos, que são comuns em tempo de crise, que por sinal, só não viu um recrudescimento do protecionismo graças aos longos, por vezes lentos, mas firmes desenvolvimentos do sistema GATT/OMC.
A tão propalada interdependência global gera um efeito em que há clima e condições (principalmente confiança) para a cooperação econômica, algo inimaginável se não fosse o fenômeno da globalização.
Oriente Médio vemos sinais do envolvimento maior da Rússia como interlocutora na questão palestina, novos movimentos podem ocorrer para distencionar a região, mas a essa altura dependem de como Israel vai conduzir os assentamentos e a solução da crise nuclear iraniana, já que a constante sombra de possibilidade de um ataque israelense contribui para um clima tenso, e os exercícios de defesa da guarda revolucionária, também não ajudam, mas vimos novas negociações serem abertas o que pode pelo menos diminuir a incidência de violência na região.
Fungibilidade do poder é assunto controverso e de múltiplas interpretações teóricas nas relações internacionais, mas essa semana viu passos iniciais para institucionalização do G-20, um grupo ad hoc que expande o núcleo central de decisores do sistema internacional, incorporando as economias emergentes.
Cada um desses tópicos pode render em si só uma tese de doutorado foram abordados sinteticamente para reforçar a idéia de balanço.
De certa maneira essa abordagem sintética é uma provocação para forçar uma reflexão interna sobre o alcance dos eventos dessa semana, que foram de algum modo encobertas aqui nesse espaço pela situação hondurenha, que atropelou a agenda que tinha preparado nessa semana não tivemos nem um só texto meta-teórico que tanto gosto. Ou sobre enfoques analíticos.
Assim esse é um resumo de uma semana que a depender dos desenvolvimentos pode ter determinado a agenda das relações internacionais dos próximos anos.
Para ter um arremate clichê: “Pensem, logo existirão!”
Comentários