Nessa semana recebi um questionamento que me chega da minha cidade natal, a capital federal, Brasília. A leitora uma secundarista me envia questões que são comuns nessa seção, questões acerca de qual universidade escolher? Cursos correlatos? Como diz o título sobre se insisti para conseguir aprovação em federal ou parte logo para uma particular? E por último a onipresente dúvida acerca do mercado de trabalho.
Quanto ao curso da Universidade de Brasília é sim um dos melhores do país, com oportunidades acadêmicas impares (com seus diversos núcleos de estudo) e um corpo docente excelente, há quem diga que é um curso que visa à preparação para o concurso de admissão a carreira diplomática, seria então um curso com ênfase em política, contudo, eu pelo que vi pela minha experiência pessoal, essa coisa de ênfase de curso é em muitos uma balela, já que a estrutura de universidade (e ai está toda a diferença entre Universidades, Centros Universitários e Faculdades) oferece a alternativa de que se curse muitas matérias denominadas eletivas, o que acaba que permita que você construa a ênfase de sua formação.
Vou usar um lugar comum agora que é absolutamente verdadeiro que o “terrível” vestibular é uma das partes mais fáceis da obtenção de grau, por mais ferrenha que seja a concorrência, conseguir se formar é muito mais difícil, exige muito mais dedicação, mas como já disse isso é um lugar comum, que você já deve ter ouvido milhares de vezes.
Em minha opinião não acho que seja uma opção prática optar por um curso que a princípio seria correlato por ser mais fácil de passar, a opção mais fácil quase sempre se demonstra frustrante. Mesmo por que trocar de curso internamente não é mais fácil que o vestibular, por sinal pode ser mais difícil mesmo com uma correlação candidato-vaga menor, o nível de preparo dos candidatos é bem maior.
A opção pela universidade particular passa pelos meios econômicos de sua família já que um curso na UCB, que você cita (e onde me formei) pode sair muito caro, quando somado, deslocamento, livros, congressos entre outras despesas que são inerentes a vida acadêmica, isso sem falar na vida social que é importante parte da vida acadêmica e tem seus custos.
Falei na UCB, por que como universidade permite que você mitigue o custo das mensalidades alongando o curso, ou seja, cursando menos créditos por semestre, além de ter um excelente corpo docente, mas na verdade todas as Instituições de Ensino Superior do DF, graças aos programas de pós-graduação da UnB, têm excelentes professores, muitos dos quais são colegas meus.
Em geral há uma diferença do perfil de professores de federal e particular que faz com que a experiência acadêmica seja um pouco diferente, já que muitos professores de universidades particulares, são também profissionais no mercado. O que se bem conciliado com uma formação teórica sólida (responsabilidade compartilhada entre professores e alunos), pode ser bem interessante. Embora, como tudo na vida é uma questão de responsabilidade individual.
O mercado de trabalho como repito “ad nauseaum” aqui é extremamente competitivo, concorrido, pouquíssimas vagas, embora paradoxalmente exista muito trabalho em relações internacionais, principalmente para quem tem características e capacidades empreendedoras.
Existem vagas públicas muito cobiçadas por sua estabilidade e vencimentos bons, mas que são disputadas com candidatos oriundos de vários cursos superiores, no mercado privado, temos uma concorrência acirrada.
Conheço vários casos de sucesso de colegas que ingressaram em multinacionais de todos os setores e estão bem, outros caso de pessoas que esbarraram com problemas e perderam esses empregos ou desistiram por uma série de motivos.
Não vou esconder uma verdade há um grau enorme de descontentamento com o curso, há muitos egressos que se arrependem amargamente da opção por não conseguir colocação no mercado.
Concluo a respeito do mercado que características pessoais, formação extra e um grau de sorte são necessários, não há fórmulas de sucesso ou fracasso e é um curso com um grau de incerteza de empregabilidade elevado, arrisco dizer que é a preocupação número um de todos os graduandos, por isso mesmo temos assistido uma profusão de ênfases nisso e aquilo como uma tentativa das IES de atenuar isso.
Há outro paradoxo, alguém pode pensar que a explosão dos cursos de graduação nasce da observação de demanda por esse profissional pelo mercado, o que não é necessariamente verdade, ainda, e não sei se será nos próximos anos, embora deva colocar que algumas entidades de classe se dedicam a atenuar isso.
Entenda, não estou sendo pessimista, ou coisa assim, amo muito o que faço e não me imagino fazendo outra coisa na minha vida, mas não posso tampar o sol com a peneira, nem lhe fornecer uma resposta honesta que aborde essas dificuldades, mesmo por que como você já deve ter percebido nesse blog acredito que conhecendo as dificuldades a pessoa pode antecipar reveses e se preparar para evitá-los.
Desejo-lhe toda sorte e que possamos em alguns anos ser colegas de profissão.
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