Acredito que esse texto é apropriado para essa segunda-feira, foi originalmente publicado no dia 14 de maio de 2009. Considero apropriado já que essa semana teremos como já divulguei o lançamento da nova coleção de Relações Internacionais da Editora Jurua. Aí incluso o livro da minha querida mestra, Dra Tânia Manzur.
“Todos nós em alguma etapa de nossa formação acadêmica tivemos um professor especial, capaz de nos inspirar e que com o qual a relação aluno-professor, migrou para um patamar de amizade, com a admiração ainda forte, aquela admiração que nutrimos por nossos mestres, que nos remete a verdadeira academia (Aquela mesmo da Grécia Antiga, contudo, ressalvo sem certos aspectos peculiares àquela cultura, àquele tempo, pelo menos no meu caso, deixo claro). Nesse sentido fui abençoado, em meus anos de graduação, pois tive essa conexão com vários dos meus professores, ouso dizer que com 95% deles. E olha que não era um aluno fácil de lidar.
Hoje me lembrei de um desses mestres, que muito me ensinou, acho que ele ficará muito surpreso com o que escreverei, quem entre meus leitores tiver estudado na Católica de Brasília, pelo título, sabe de quem eu falo. O Professor de economia Francisco Amilton
Como resultado marginal das aulas do Wollmann ele me ensinou duas coisas que me servem muito na vida profissional (além do conteúdo de sala de aula obviamente, um dos meus orgulhos acadêmicos é ter conseguido aprovação com nota 9,0 em Macroeconomia com ele, por que se tem uma palavra que define o método de avaliação desse professor é a palavra rigor), essas duas lições derivam dessa frase que intitula esse texto.
Convicção nos leva a ser assertivos, a conseguir nos expressarmos com clareza, sem rodeios, sem subterfúgios, convicção nos dá autoconfiança. E isso é tão importante. Muito novo me vi envolvido em mesas de reuniões que sem uma dose saudável de autoconfiança não teria me saído bem, teria me retraído, não teria negociado, teria concordado com tudo. É fato que essa autoconfiança pode ser confundida com arrogância, petulância ou teimosia, e cá entre nós, muitos me acusam dessas coisas. Tenho convicção que há muitos que não gostam de mim, pela firmeza com que defendo pontos de vista em debates, friso debates, negociações e debates são coisas diferentes, há quem confunda. Há quem negocie pra defender uma tese e não para conseguir um acordo, mas isso não é o assunto.
Pois bem, nessa primeira acepção que fiz da frase do professor, um tanto literal, passei a eliminar do meu vocabulário a expressão “eu acho”, troquei por expressões que denotavam menos dúvidas e mais clareza de pensamento, o “eu acho” denota, para mim pelo menos, um pensamento raso. Não que eu tenha me abstido de perguntar e de procurar entender o que não sabia, não me tornei arrogante (mesmo com muita gente achando que sou), mas passei a verbalizar minhas dúvidas de maneira clara, objetiva.
Pois bem, tenho feito muitos textos sobre reflexões teóricas, meta-teóricas ou analíticas nesse blog, considero esse o lócus perfeito para esse tipo de escrita, e isso tem me obrigado obviamente a refletir bastante antes mesmo de abrir o Word, e ler bastante, e esse ler bastante é o conectivo que preciso pra chegar a uma segunda elucubração sobre essa convicção apregoada pelo Professor Wollamann, que é sua rima preparação.
Só se pode ter convicção se você está preparado, se leu, se refletiu, se tem o que se vai falar ou escrever claro na sua cabeça.
E com esse esforço para refletir fez ainda mais sentido a frase bordão do velho professor (que por tabela corrobora um texto meu anterior, aqui), em se tratando de ciência se acerta ou erra com convicção.
Ou se acerta por que sua pesquisa e seus métodos foram corretos e suas conclusões lógicas e embasadas ou se erra por que algo na sua pesquisa falhou em abrangência, ou em método, ou em lógica.
Recebi críticas duras, contudo feitas com uma análise construtiva, outro dia, com relação ao meu post sobre guerra assimétrica e terrorismo (aqui), mas por que procurei fazer ciência errei com convicção. No ponto de vista do meu crítico, errei no trato que dei ao assunto e na maneira como abordei, nas ressalvas que julguei necessárias, além de supostos erros em minha tipologia, ele sustentou essas críticas com sugestão de bibliografias, ou seja, posso ter errado, mas como usei o método e as melhores fontes que dispunha errei com convicção. Errei o erro dos cientistas, e graças ao bom Deus, não errei por achismo. E graças, também, com certeza ao meu velho mestre.
Assim repasso a vocês o mesmo ensinamento, o mesmo chamado e o mesmo presente acadêmico que recebi ainda nos primeiros dias de universidade: abandonem o achismo (isso se algum de vocês age assim) sejam claros, objetivos, simples, como um poema de Bandeira. Sejam preparados (reitero sejam lidos, cultos e estudados, isso é o que significa ser preparado) e confiantes. Acertem ou errem com convicção.
Acertem ou errem com convicção!
[Meus queridos outros professores que porventura sejam meus leitores saibam que todos foram importantes desde a primeira a “Tia Dina” que me ensinou a ler, a meus orientadores que tiveram paciência de Jó comigo. E como disse ontem a outro ex-professor o Márcio Coimbra, sou abusado, uma vez meu professor assim considero pelo resto dos tempos]
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