[Leiam depois desse tópico as respostas que dei a questionamentos anteriores (aqui)]
Nesse domingo tentarei responder aos questionamentos de três leitores desse blog sobre a carreira e o curso de Relações Internacionais. Todos os e-mails que recebo tento responder de maneira apropriada, mesmo quando as perguntas são genéricas demais para ter uma resposta definitiva, e algumas eu mesmo aqui já respondi em outras oportunidades. São três leitores em situações diferentes, um leitor que vamos chamar de [GL] tem 20 anos já abandonou uma faculdade e procura por um rumo e admite não saber nada sobre relações internacionais, mas ter tido sua atenção desperta em comunidades e fóruns on line, sobre o assunto.
Depois temos duas damas, que por questão de costume e bons modos eu deveria atender primeiro, mas me valho da ordem de chegada dos e-mails, a primeira das leitoras é uma jovem que não diz a idade, que chamaremos de [M], mas também busca por informações gerais e nesse fim de ano pretende prestar vestibular e está dividida em entre relações internacionais e medicina, e levanta questão mais especificas que abordarei a seu tempo.
A terceira leitora que chamaremos de [L] tece elogios a esse blog e esse escritor que a modéstia não permite que eu reproduza, mas que demonstram sua gentileza, ela cursa o 4° período de Biologia e descobriu e se informou sobre relações internacionais e faz questionamentos sobre carreira e opções.
Vamos às respostas:
Primeira grande dúvida colocada por todos é definir o que são relações internacionais, um exercício que pode ser bem mais complicado que parece, como campo do saber cientifico, relações internacionais é uma disciplina que se ocupa das Relações Internacionais, ou seja, os limites do objeto de estudo são os limites da própria disciplina, portanto qualquer definição que se faça corresponde a uma visão teórica, mas é possível fazer uma definição suficientemente pacifica do que seja relações internacionais, como campo de estudo é o estudo de todos os fenômenos que ocorram no cenário internacional, em resumo é o estudo de toda interação entre povos de países distintos, seja essa interação cooperativa ou conflitiva. Portanto é um ramo das ciências sociais que se ocupa do internacional e se desdobra em vários sub-ramos, ao mesmo tempo o estudo desse objeto complicado que nos propomos só pode ser executado de maneira multidisciplinar, portanto o curso de relações internacionais, tem em seu corpo matérias de Teoria das Relações Internacionais, História das Relações Internacionais, Geografia, Antropologia, Ciência Política, Economia, Direito e algumas matérias administrativas. Obviamente com ênfase na face internacional de cada uma dessas disciplinas. Essa definição é um pouco curta, sugiro a leitura de outros tópicos aqui na tag questões básicas e teoria das relações internacionais, para compreender melhor o que são as relações internacionais e como se desenvolveram como ciência.
Para saber mais detalhadamente tenho esse tópico “O que são relações internacionais?” (aqui) e sobre teorias (aqui). Alguns desses textos têm sugestões de bibliografia que podem ser úteis.
O curso exige para que se tenha chance de competir no dificílimo mercado que se tenha dedicação, paixão mesmo pelos livros, por que se tornar um analista internacional demanda instrumentos analíticos e conhecimentos diversos, alguns vêem nisso um defeito do curso, dizem que é saber um pouco de tudo, na verdade que se dedica sabe muito sobre muita coisa e vende essa vantagem em entrevistas de emprego. Outras características pessoais que ajudam na carreira é facilidade de lidar com outras culturas, conviver com diferenças e divergências de opinião, capacidade negociadora, habilidades lingüísticas, habilidade pessoais, dedicação, perseverança e um gosto pelo auto-didatismo. É fundamental, gostar de aprender por si só, de ter essa gana pelo estudo, por que confiar apenas na Universidade como fonte do aprendizado, reduzirá muito suas chances no mercado é preciso procurar por cursos extras que preenchem falhas no currículo principalmente no que tange a tarefas mais especificas, por que trabalhar com relações internacionais, como um todo é um trabalho acadêmico, no mercado, trabalhamos com subáreas, como diplomacia, comércio exterior, diplomacia empresarial, assessoria e consultoria, além de analistas em empresas privadas, negociadores, a gama é variada e nem tudo a principio parece ser relações internacionais, mas mesmo assim é possível aplicar a mentalidade acadêmica das análises de relações internacionais para executar outras tarefas.
A leitora [M] pretende cursar para atuar na área de comércio exterior com algo relacionado a Alemanha. [M] querida existe sim essa oportunidade, mas creio que essa especialização por país, deva ocorrer naturalmente pelo transcorrer da sua carreira, é bom que você tenha objetivos, mas como digo sempre deixe um pouco de espaço para o acaso, o curso é abrangente e você pode não aproveitar algumas oportunidades que derivam disso, por estar focada demais num objetivo único numa época da vida (recém-formado) que basicamente você tem que tentar para todo lado aumentando a chance de romper a barreira e conseguir aquele primeiro emprego. Ao depender do que você quer com comércio exterior pode valer mais a pena cursar administração, embora, seja possível trabalhar com comex, sendo advindo do campo das relações internacionais, mas vai exigir alguns cursos curtos para coisas especificas do comércio exterior.
[M] sobre sua duvida entre relações internacionais e medicina, creio que seria proveitoso fazer um teste vocacional, procurar um consultor ou orientador de carreiras, tenho uma colega de universidade que perto de formar abandonou o curso e foi fazer medicina e está agora realizada. É uma decisão difícil de se tomar que vale a pena ouvir família, amigos e principalmente a você mesmo. Mas saiba, sempre há tempo de trocar de curso, é um peso muito grande decidi o que se quer da vida aos 17-18 anos.
A leitora [L] demonstra isso ela diz: “Biologia prestei pelo fato de gostar da matéria, então passei e me encontro no 4º período, porém não estou satisfeita queria mais mobilidade e esperava mais do curso, na época do vestibular” ela continua mais tarde dizendo que gostou da profissão e que tem uma experiência prática em empresa privada, não ficou claro, mas me parece que ela deseja mudar para relações internacionais e pergunta sobre suas chances.
Te digo que apesar da flagrante e patente dificuldade da área suas chances caso mude mesmo de curso são auspiciosas já que você tem experiência prática e antes mesmo de começar consegue ver aplicação prática, coisa que inúmeros formados não conseguem. E isso é uma vantagem além da experiência prévia que sempre ajuda.
É importante que todos os leitores tenham consciência que não objetivo aqui pintar um quadro cor-de-rosa do que será a vida de vocês, muitos formados, muitos mesmo, trabalham em outras áreas (e nem percebem que o que aprenderam lhes serve nessas áreas) e muitos lutam com o desemprego, que com crise mundial e projeções de recuperação lenta deve ser uma realidade duradoura no Brasil.
O curso é muito bom, apaixonante, exige muito de empenho pessoal, para se diferenciar na manada de formados, é preciso construir uma carreira e isso significa aproveitar as chances de aprender, de estagiar, de fazer uma rede de contatos em congressos, eventos que podem ser decisivos na hora de obter um bom estágio ou mesmo um emprego.
Como todo campo do saber exige intelectualmente dos alunos, muito embora mesmo medíocres consigam se formar, mas isso é uma mal que não tem muito como ser evitado. O que quero mesmo deixar claro é que na universidade é um curso com matérias distintas e que no mercado existem várias formas de atuação, mas não é fácil obter um emprego, mas creio que mesmo legitimo não deveria ser o norte da formação universitária, seu norte deve ser aprender o máximo possível e ao mesmo tempo descobrir como aplicar isso. Sei que estou sendo enigmático.
Sou apaixonado por relações internacionais, mas não sou cego as dificuldades enormes de empregabilidade, mas também não sou cego a miríade de opções que se abrem nesse campo é tudo uma questão de conseguir ver as opções e se posicionar para aproveitá-las.
Recomendo, portanto, que cada um de vocês, busque na internet, nesse blog mesmo a sugestões de bibliografia sobre as relações internacionais e que tomem essa decisão de cursar cientes das dificuldades, e que não se lamentem por causa delas, mas se preparem para elas e se escolherem por relações internacionais que sejamos colegas em alguns anos.
Muito obrigado por terem escrito para mim, o contato com os leitores é algo que preso muito e que incentiva a manutenção desse desafio diário que é manter um blog balanceado e intelectualmente honesto sobre relações internacionais, flutuando entre análises, teorias e questões para não iniciados. E meus mais sinceros votos de sucesso a todos.
Nesse domingo tentarei responder aos questionamentos de três leitores desse blog sobre a carreira e o curso de Relações Internacionais. Todos os e-mails que recebo tento responder de maneira apropriada, mesmo quando as perguntas são genéricas demais para ter uma resposta definitiva, e algumas eu mesmo aqui já respondi em outras oportunidades. São três leitores em situações diferentes, um leitor que vamos chamar de [GL] tem 20 anos já abandonou uma faculdade e procura por um rumo e admite não saber nada sobre relações internacionais, mas ter tido sua atenção desperta em comunidades e fóruns on line, sobre o assunto.
Depois temos duas damas, que por questão de costume e bons modos eu deveria atender primeiro, mas me valho da ordem de chegada dos e-mails, a primeira das leitoras é uma jovem que não diz a idade, que chamaremos de [M], mas também busca por informações gerais e nesse fim de ano pretende prestar vestibular e está dividida em entre relações internacionais e medicina, e levanta questão mais especificas que abordarei a seu tempo.
A terceira leitora que chamaremos de [L] tece elogios a esse blog e esse escritor que a modéstia não permite que eu reproduza, mas que demonstram sua gentileza, ela cursa o 4° período de Biologia e descobriu e se informou sobre relações internacionais e faz questionamentos sobre carreira e opções.
Vamos às respostas:
Primeira grande dúvida colocada por todos é definir o que são relações internacionais, um exercício que pode ser bem mais complicado que parece, como campo do saber cientifico, relações internacionais é uma disciplina que se ocupa das Relações Internacionais, ou seja, os limites do objeto de estudo são os limites da própria disciplina, portanto qualquer definição que se faça corresponde a uma visão teórica, mas é possível fazer uma definição suficientemente pacifica do que seja relações internacionais, como campo de estudo é o estudo de todos os fenômenos que ocorram no cenário internacional, em resumo é o estudo de toda interação entre povos de países distintos, seja essa interação cooperativa ou conflitiva. Portanto é um ramo das ciências sociais que se ocupa do internacional e se desdobra em vários sub-ramos, ao mesmo tempo o estudo desse objeto complicado que nos propomos só pode ser executado de maneira multidisciplinar, portanto o curso de relações internacionais, tem em seu corpo matérias de Teoria das Relações Internacionais, História das Relações Internacionais, Geografia, Antropologia, Ciência Política, Economia, Direito e algumas matérias administrativas. Obviamente com ênfase na face internacional de cada uma dessas disciplinas. Essa definição é um pouco curta, sugiro a leitura de outros tópicos aqui na tag questões básicas e teoria das relações internacionais, para compreender melhor o que são as relações internacionais e como se desenvolveram como ciência.
Para saber mais detalhadamente tenho esse tópico “O que são relações internacionais?” (aqui) e sobre teorias (aqui). Alguns desses textos têm sugestões de bibliografia que podem ser úteis.
O curso exige para que se tenha chance de competir no dificílimo mercado que se tenha dedicação, paixão mesmo pelos livros, por que se tornar um analista internacional demanda instrumentos analíticos e conhecimentos diversos, alguns vêem nisso um defeito do curso, dizem que é saber um pouco de tudo, na verdade que se dedica sabe muito sobre muita coisa e vende essa vantagem em entrevistas de emprego. Outras características pessoais que ajudam na carreira é facilidade de lidar com outras culturas, conviver com diferenças e divergências de opinião, capacidade negociadora, habilidades lingüísticas, habilidade pessoais, dedicação, perseverança e um gosto pelo auto-didatismo. É fundamental, gostar de aprender por si só, de ter essa gana pelo estudo, por que confiar apenas na Universidade como fonte do aprendizado, reduzirá muito suas chances no mercado é preciso procurar por cursos extras que preenchem falhas no currículo principalmente no que tange a tarefas mais especificas, por que trabalhar com relações internacionais, como um todo é um trabalho acadêmico, no mercado, trabalhamos com subáreas, como diplomacia, comércio exterior, diplomacia empresarial, assessoria e consultoria, além de analistas em empresas privadas, negociadores, a gama é variada e nem tudo a principio parece ser relações internacionais, mas mesmo assim é possível aplicar a mentalidade acadêmica das análises de relações internacionais para executar outras tarefas.
A leitora [M] pretende cursar para atuar na área de comércio exterior com algo relacionado a Alemanha. [M] querida existe sim essa oportunidade, mas creio que essa especialização por país, deva ocorrer naturalmente pelo transcorrer da sua carreira, é bom que você tenha objetivos, mas como digo sempre deixe um pouco de espaço para o acaso, o curso é abrangente e você pode não aproveitar algumas oportunidades que derivam disso, por estar focada demais num objetivo único numa época da vida (recém-formado) que basicamente você tem que tentar para todo lado aumentando a chance de romper a barreira e conseguir aquele primeiro emprego. Ao depender do que você quer com comércio exterior pode valer mais a pena cursar administração, embora, seja possível trabalhar com comex, sendo advindo do campo das relações internacionais, mas vai exigir alguns cursos curtos para coisas especificas do comércio exterior.
[M] sobre sua duvida entre relações internacionais e medicina, creio que seria proveitoso fazer um teste vocacional, procurar um consultor ou orientador de carreiras, tenho uma colega de universidade que perto de formar abandonou o curso e foi fazer medicina e está agora realizada. É uma decisão difícil de se tomar que vale a pena ouvir família, amigos e principalmente a você mesmo. Mas saiba, sempre há tempo de trocar de curso, é um peso muito grande decidi o que se quer da vida aos 17-18 anos.
A leitora [L] demonstra isso ela diz: “Biologia prestei pelo fato de gostar da matéria, então passei e me encontro no 4º período, porém não estou satisfeita queria mais mobilidade e esperava mais do curso, na época do vestibular” ela continua mais tarde dizendo que gostou da profissão e que tem uma experiência prática em empresa privada, não ficou claro, mas me parece que ela deseja mudar para relações internacionais e pergunta sobre suas chances.
Te digo que apesar da flagrante e patente dificuldade da área suas chances caso mude mesmo de curso são auspiciosas já que você tem experiência prática e antes mesmo de começar consegue ver aplicação prática, coisa que inúmeros formados não conseguem. E isso é uma vantagem além da experiência prévia que sempre ajuda.
É importante que todos os leitores tenham consciência que não objetivo aqui pintar um quadro cor-de-rosa do que será a vida de vocês, muitos formados, muitos mesmo, trabalham em outras áreas (e nem percebem que o que aprenderam lhes serve nessas áreas) e muitos lutam com o desemprego, que com crise mundial e projeções de recuperação lenta deve ser uma realidade duradoura no Brasil.
O curso é muito bom, apaixonante, exige muito de empenho pessoal, para se diferenciar na manada de formados, é preciso construir uma carreira e isso significa aproveitar as chances de aprender, de estagiar, de fazer uma rede de contatos em congressos, eventos que podem ser decisivos na hora de obter um bom estágio ou mesmo um emprego.
Como todo campo do saber exige intelectualmente dos alunos, muito embora mesmo medíocres consigam se formar, mas isso é uma mal que não tem muito como ser evitado. O que quero mesmo deixar claro é que na universidade é um curso com matérias distintas e que no mercado existem várias formas de atuação, mas não é fácil obter um emprego, mas creio que mesmo legitimo não deveria ser o norte da formação universitária, seu norte deve ser aprender o máximo possível e ao mesmo tempo descobrir como aplicar isso. Sei que estou sendo enigmático.
Sou apaixonado por relações internacionais, mas não sou cego as dificuldades enormes de empregabilidade, mas também não sou cego a miríade de opções que se abrem nesse campo é tudo uma questão de conseguir ver as opções e se posicionar para aproveitá-las.
Recomendo, portanto, que cada um de vocês, busque na internet, nesse blog mesmo a sugestões de bibliografia sobre as relações internacionais e que tomem essa decisão de cursar cientes das dificuldades, e que não se lamentem por causa delas, mas se preparem para elas e se escolherem por relações internacionais que sejamos colegas em alguns anos.
Muito obrigado por terem escrito para mim, o contato com os leitores é algo que preso muito e que incentiva a manutenção desse desafio diário que é manter um blog balanceado e intelectualmente honesto sobre relações internacionais, flutuando entre análises, teorias e questões para não iniciados. E meus mais sinceros votos de sucesso a todos.
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