Pular para o conteúdo principal

Notas curtas, mas significativas

Minustha – Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti:
A quinta missão de estabilização da ONU desde 1993, sendo a primeira missão de 1993-1996, a segunda de 1996 a 1997, terceira em 1997, a quarta missão 1997 a 2000. A atual Missão foi estabelecida pela resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1542 de 30 de maio de 2004.

Segundo o portal da ONG Contas Abertas (aqui) já foram gastos BRL 700 milhões na missão, a qual o Brasil comanda as Forças Multinacionais de Manutenção da Paz. Em um seminário que participei certa feita com oficiais do Exército Brasileiro e do Ministério da Defesa, as vésperas do inicio da missão e em outra em 2007 (se a memória não me traiu) falavam e reiteravam que a principal virtude era mostrar que o Brasil tem capacidade logística e financeira de manter um contingente por tempo logo, longe do território nacional. A Missão está longe de conseguir estabilizar o primeiro país a deixar de ser colônia nas Américas, por meio de uma revolta de escravos, uma pena que o sistema político desse país tenha ruído de tal maneira. A missão infelizmente sofreu baixas entre essas militares brasileiros (para mais informações sobre a Minustha,, visite o site aqui)

Em termos históricos o Brasil tem participações em missões de paz, desde a missão de Suez, há uma boa literatura acerca dessa faceta da inserção internacional do Brasil, sempre devota do multilateralismo, ora com um entusiasmo “kantiano”, ora de maneira pragmática. Por sinal não é a única missão que forças militares do Brasil participam. (mais detalhes aqui)

Eu sou favorável a intervenção brasileira em missões de manutenção e imposição da paz, por dois motivos: a) Se o Brasil quer que sua candidatura ao Conselho de Segurança seja levada a sério, tem que mostrar disposição de gastar e sangrar, ou seja, têm que conquistar a posição por ações não discursos; b) Mostra que o Brasil tem capacidade de sustentar forças de combate, em um cenário complexo com ares de guerra de quarta geração, e há uma distancia considerável do país, o que faz bem para o moral das Forças Armadas, muitas vezes tidas como defasadas pela população em geral.

O tema Haiti, contudo, é assunto controverso por que há os que defendem que o Brasil tem que sair do Haiti, confundem com Iraque, misturam alhos com bugalhos (como diria um amigo meu “mix garlics with bu-garlics”). É tragicômico que muitos dos que falam isso, são os que se revoltam com o silencio do mundo diante de Darfur, pois bem, a alternativa é intervir, autodeterminação dos povos e não-interferência, as vezes são excludentes entre si, pensem se o Brasil tivesse respeitado a não-interferência nos assuntos indonésios o que seria da auto-determinação do Povo do Timor – Leste? Só um pequeno “brain teaser”. Que vai ouriçar os constitucionalistas que porventura passem por aqui.

Por sinal o portal Defes@net, faz uma cobertura dos eventos no Haiti, e dos assuntos de defesa. (link)

AF 447:
Por falar em alho e defes@net, o portal veicula reportagem que segundo uma fonte não identificada da Abin, há suspeitas de terrorismo na queda do AirBus 330 da Air France (aqui), que teria sido corroborado depois que autoridades argentinas divulgaram um alerta de bomba que foi emitido em Ezeiza, depois que um “homem com forte sotaque estrangeiro” ligou dizendo que havia uma bomba no avião da Air France, as forças de segurança revistaram o avião e não encontraram o tal explosivo. A ABIN divulgou nota a imprensa (aqui) repudiando a reportagem do portal citado, que dizendo:

“Em relação à matéria publicada no site defesa@net e datada de 2 de junho de 2009, em que se afirma que fonte da Agência Brasileira de Inteligência teria apontado indícios de atentado terrorista no voo AF 447, a Abin informa que não possui dados que indiquem a hipótese de atentado terrorista.

A Abin aproveita ainda para registrar o fato de não ter sido consultada em nenhum momento sobre a matéria, por meio de sua Assessoria de Comunicação Social ou diretamente pela Direção Geral, sobretudo quando se trata de assunto que merece o processo completo de apuração jornalística, lamentando ainda que informações obtidas a partir de fontes desconhecidas sejam exploradas em um momento de profunda comoção nacional e internacional.”


E o alho com isso? Bom, é uma referência a um texto que publiquei aqui intitulado “Nunca antes na história desse país” que diz em seu fecho: “As antigas lendas de vampiros dizem que temos que convidar o mal para que ele entre em nossas casas, só nos resta esperar que não tenhamos convidado um mal a mais pra viver entre nós, a intolerância religiosa que não nos é própria. Não custa lembrar que terrorismo não se espanta com alho.”

Alguns textos ficaram longos e empurraram outros textos bons para fora da página inicial, convido os leitores que aqui chegaram a ler as outras páginas, podem encontrar algo que gostem ou que não gostem divergir, com respeito, é bem vindo.

Abaixo temos um texto em que respondo a dúvidas que me chegam por e-mail, as responderei sempre aos domingos, quando existirem, é lógico.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...