O discurso proferido pelo Presidente dos EUA Barack H. Obama, no Cairo, imediatamente classificado como histórico foi estruturalmente dividido em oito partes, uma introdução na qual Obama se apresenta e tenta marcar a diferença de seu governo e sua história pessoal. Ai o próprio Obama divide em sete partes: “The first issue that we have to confront is violent extremism in all of its forms”, “the situation between Israelis, Palestinians and the Arab world.”, “our shared interest in the rights and responsibilities of nations on nuclear weapons.”, “The fourth issue that I will address is democracy”, “The fifth issue that we must address together is religious freedom”, The sixth issue that I want to address is women’s rights.”, “discuss economic development and opportunity.” E uma parte final em que conclui com citações religiosas dos livros sacros das Três grandes religiões da Região.
Muito já foi dito e escrito sobre o discurso de Obama no Cairo, na verdade se esse fosse um blog jornalístico nem seria mais pauta, mas creio que um espaçamento entre os acontecimentos e a análise, é útil, por vezes, para que se faça uma análise mais sóbria.
Esse espaço, no entanto, criou um novo desafio, por que sobrou muito pouco de novo para se falar sobre o assunto, o discurso é claro, foi feito pra marcar definitivamente a diferença entre Bush e Obama, ainda que essa diferença, no campo das ações práticas, ainda não tenha se delineado. No campo do discurso, evidentemente, está mais que consolidada, por características intrínsecas ao Estadista Obama, uma das forças profundas que movem as Relações Internacionais, se seguimos as correntes analíticas com influências historiográficas, evocando Renovin e Durrosele.
Antes que grandes expectativas se formem, devo salientar que não farei uma análise usando esses elementos, pois sabemos que identificar as forças profundas, tentar hierarquizá-las e entender suas correlações é produto de um profundo esforço intelectual eminentemente acadêmico, e cujo veiculo de divulgação apropriado extrapola o propósito desse blog, além de ser tarefa que exige tempo e bagagem, que no momento não disponho, desafortunadamente, devo dizer.
Voltando ao discurso, creio que a frase que destaco e que serve de título a esse texto é a melhor análise que se pode fazer dele, não se pode crer que apenas declarações de re-inicio de relações, marquem de fato um re-inicio, seria até inocente supor isso, a frase evidencia que Obama, e seu staff, sabem disso. Uma boa parte da imprensa mundial e de analistas se deixou seduzir em suas análises, pela oratória, pela entrega do discurso e não refletiram, a meu ver, sobre seu conteúdo, não só como declaração de intenções, mas como a completa inexistência de qualquer marco, parâmetro, que indiquem políticas práticas, ainda mais por que os problemas geopolíticos da região antecedem muito a ascensão de George W. Bush (podem ter deteriorado em seu governo) e analisando friamente perdurarão muito além do governo Obama, mesmo que esse dure oito anos.
Não sei se é esperança utópica no “change” ou partidarismo analítico, não tenho elementos suficientes para objetivamente tentar explicar o viés claro da grande imprensa mundial favorável a Obama. Ao longo do discurso, algumas coisas chamam a atenção e foram duramente criticadas pelo grupo de analistas que não pertencem aos que descrevi acima.
O tom conciliatório do discurso foi em alguns momentos corroborador de argumentos fundamentalistas, ao afirmar implicitamente que há uma hostilidade justificável do Islã ao Ocidente e que isso teria raízes em colonialismos, e para superar isso Obama recorre às conquistas do Islã em termos de cultura e a perpetuação que essa cultura fez da herança helênica e dos estudos da matemática, da álgebra em especial, mas não lembrou que muito disso retornou ao ocidente quando da expansão árabe pela península ibérica, o que por si só, já derruba a hipótese que o colonialismo é característica ocidental.
Outro ponto é que na busca por uma imagem de neutralidade Obama, acaba por ser mais duro e contundente com Israel, do que com os radicais que ele tanto descreve com a neutra terminologia de extremistas.
Obama consegue, no entanto não aquiescer com ambições nucleares do Irã, apelando ao interesse dos Estados da região e da Ásia como um todo como a Índia (que é parceira dos EUA e do Irã) de não haver um ente que desequilibre as relações de poder, inter e intra-estatal. Resta saber se esta estratégia será bem executada, para isso é indispensável que a “causa palestina” cesse de ser fator justificador do apoio direto e da opinião pública da região a extremistas, que se feito cálculo matam muito mais mulçumanos que qualquer outro grupo específico.
Creio que para marcar posição distante da de seu antecessor Obama, falou muito superficialmente em temas controversos como Direitos Humanos e Democracia. E ao falar da igualdade entre os sexos fez um discurso populista (para o Oriente Médio) sobre o uso do Hijab. Se abstendo de comentar sobre assuntos que é defensor declarado como direitos para homossexuais. O que pode indicar uma política externa pragmática, onde a estabilidade de regimes amigáveis vale mais que a exportação de valores. Uma política, sem dúvidas, mais cínica, o que não deixa de ser contraditório pra quem foi eleito por ser um idealista liberal.
O afã de se diferenciar de Bush, transpareceu em todo o texto, junto com o desejo de se capitalizar sobre sua história pessoal de contato com o Islã, mas não são palavras que irão redefinir as relações na região, mas ações e nesse ponto foi decepcionante não ver nenhum esboço sequer de medidas práticas, além das já anunciadas medidas e cronograma de retirada de tropas do Iraque.
Esse ponto foi o mais comentado pelos líderes mulçumanos, claro que Obama é carismático e capaz de levantar simpatias para si, não é de surpreender que os principais líderes de forças antiamericanas e anti-israelenses, rapidamente se manifestaram com veemência para repudiá-lo.
A parte econômica e de desenvolvimento, também, careceu de maiores esclarecimentos ou de ofertas de projetos específicos. E não tocou no tema das sanções econômicas, a não ser de maneira indireta, que é a abordagem tradicional, o país alvo de embargo cede e o embargo é retirado.
O teor do discurso, não difere em essência dos discursos proferidos pelo ex-presidente, inclusive, a muito destacada, parte que diz respeito a insistir que a guerra é contra os extremistas (outrora terroristas) e não com o Islã. Apesar dos títulos dos “capítulos” do discurso serem o ‘elefante’ na sala, os fatores já citados de falta de conteúdo prático ou de pistas sobre futuras ações políticas.
Justiça seja feita, o que se espera dele e a torcida ao redor de tudo que ele diz, são inconsistentes com o que podemos esperar da realidade. E ai a crítica também, acaba por ficar excessivamente mordaz em reação, talvez ao entusiasmo excessivo da maior parte da imprensa mundial. E como disse a própria frase do Obama que intitula esse texto é a melhor conclusão que podemos ter sobre esse discurso. Logo se pode dizer em suma, que Obama muito falou, mas nada de concreto disse.
Muito já foi dito e escrito sobre o discurso de Obama no Cairo, na verdade se esse fosse um blog jornalístico nem seria mais pauta, mas creio que um espaçamento entre os acontecimentos e a análise, é útil, por vezes, para que se faça uma análise mais sóbria.
Esse espaço, no entanto, criou um novo desafio, por que sobrou muito pouco de novo para se falar sobre o assunto, o discurso é claro, foi feito pra marcar definitivamente a diferença entre Bush e Obama, ainda que essa diferença, no campo das ações práticas, ainda não tenha se delineado. No campo do discurso, evidentemente, está mais que consolidada, por características intrínsecas ao Estadista Obama, uma das forças profundas que movem as Relações Internacionais, se seguimos as correntes analíticas com influências historiográficas, evocando Renovin e Durrosele.
Antes que grandes expectativas se formem, devo salientar que não farei uma análise usando esses elementos, pois sabemos que identificar as forças profundas, tentar hierarquizá-las e entender suas correlações é produto de um profundo esforço intelectual eminentemente acadêmico, e cujo veiculo de divulgação apropriado extrapola o propósito desse blog, além de ser tarefa que exige tempo e bagagem, que no momento não disponho, desafortunadamente, devo dizer.
Voltando ao discurso, creio que a frase que destaco e que serve de título a esse texto é a melhor análise que se pode fazer dele, não se pode crer que apenas declarações de re-inicio de relações, marquem de fato um re-inicio, seria até inocente supor isso, a frase evidencia que Obama, e seu staff, sabem disso. Uma boa parte da imprensa mundial e de analistas se deixou seduzir em suas análises, pela oratória, pela entrega do discurso e não refletiram, a meu ver, sobre seu conteúdo, não só como declaração de intenções, mas como a completa inexistência de qualquer marco, parâmetro, que indiquem políticas práticas, ainda mais por que os problemas geopolíticos da região antecedem muito a ascensão de George W. Bush (podem ter deteriorado em seu governo) e analisando friamente perdurarão muito além do governo Obama, mesmo que esse dure oito anos.
Não sei se é esperança utópica no “change” ou partidarismo analítico, não tenho elementos suficientes para objetivamente tentar explicar o viés claro da grande imprensa mundial favorável a Obama. Ao longo do discurso, algumas coisas chamam a atenção e foram duramente criticadas pelo grupo de analistas que não pertencem aos que descrevi acima.
O tom conciliatório do discurso foi em alguns momentos corroborador de argumentos fundamentalistas, ao afirmar implicitamente que há uma hostilidade justificável do Islã ao Ocidente e que isso teria raízes em colonialismos, e para superar isso Obama recorre às conquistas do Islã em termos de cultura e a perpetuação que essa cultura fez da herança helênica e dos estudos da matemática, da álgebra em especial, mas não lembrou que muito disso retornou ao ocidente quando da expansão árabe pela península ibérica, o que por si só, já derruba a hipótese que o colonialismo é característica ocidental.
Outro ponto é que na busca por uma imagem de neutralidade Obama, acaba por ser mais duro e contundente com Israel, do que com os radicais que ele tanto descreve com a neutra terminologia de extremistas.
Obama consegue, no entanto não aquiescer com ambições nucleares do Irã, apelando ao interesse dos Estados da região e da Ásia como um todo como a Índia (que é parceira dos EUA e do Irã) de não haver um ente que desequilibre as relações de poder, inter e intra-estatal. Resta saber se esta estratégia será bem executada, para isso é indispensável que a “causa palestina” cesse de ser fator justificador do apoio direto e da opinião pública da região a extremistas, que se feito cálculo matam muito mais mulçumanos que qualquer outro grupo específico.
Creio que para marcar posição distante da de seu antecessor Obama, falou muito superficialmente em temas controversos como Direitos Humanos e Democracia. E ao falar da igualdade entre os sexos fez um discurso populista (para o Oriente Médio) sobre o uso do Hijab. Se abstendo de comentar sobre assuntos que é defensor declarado como direitos para homossexuais. O que pode indicar uma política externa pragmática, onde a estabilidade de regimes amigáveis vale mais que a exportação de valores. Uma política, sem dúvidas, mais cínica, o que não deixa de ser contraditório pra quem foi eleito por ser um idealista liberal.
O afã de se diferenciar de Bush, transpareceu em todo o texto, junto com o desejo de se capitalizar sobre sua história pessoal de contato com o Islã, mas não são palavras que irão redefinir as relações na região, mas ações e nesse ponto foi decepcionante não ver nenhum esboço sequer de medidas práticas, além das já anunciadas medidas e cronograma de retirada de tropas do Iraque.
Esse ponto foi o mais comentado pelos líderes mulçumanos, claro que Obama é carismático e capaz de levantar simpatias para si, não é de surpreender que os principais líderes de forças antiamericanas e anti-israelenses, rapidamente se manifestaram com veemência para repudiá-lo.
A parte econômica e de desenvolvimento, também, careceu de maiores esclarecimentos ou de ofertas de projetos específicos. E não tocou no tema das sanções econômicas, a não ser de maneira indireta, que é a abordagem tradicional, o país alvo de embargo cede e o embargo é retirado.
O teor do discurso, não difere em essência dos discursos proferidos pelo ex-presidente, inclusive, a muito destacada, parte que diz respeito a insistir que a guerra é contra os extremistas (outrora terroristas) e não com o Islã. Apesar dos títulos dos “capítulos” do discurso serem o ‘elefante’ na sala, os fatores já citados de falta de conteúdo prático ou de pistas sobre futuras ações políticas.
Justiça seja feita, o que se espera dele e a torcida ao redor de tudo que ele diz, são inconsistentes com o que podemos esperar da realidade. E ai a crítica também, acaba por ficar excessivamente mordaz em reação, talvez ao entusiasmo excessivo da maior parte da imprensa mundial. E como disse a própria frase do Obama que intitula esse texto é a melhor conclusão que podemos ter sobre esse discurso. Logo se pode dizer em suma, que Obama muito falou, mas nada de concreto disse.
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