[Recomendo a leitura prévia do meu artigo intitulado Eleições no Irã. Ou Ceteris Paribus. (aqui), para saber mais veja esse link do Uol (aqui) e o clipping na página do Portal Mondo Post (aqui)]
Assistimos nos últimos dias apesar da censura imposta aos jornalistas estrangeiros e graças a ferramentas da internet e das redes sociais e telefonia móvel, principalmente, a freqüentes protestos (cada vez mais violentos, por sinal) e manifestações populares acerca do resultado das eleições iranianas, o Líder Supremo Aiatolá Khamenei, se manifestou ratificando o resultado a partir da Universidade de Teerã um dos pontos originários dos protestos atuais e dos históricos que ajudaram a instaurar o atual Regime, ou seja, de um lugar simbólico o Aiatolá deu seu ultimato aos que insistem na chamada “onda verde” do candidato derrotado Mir Hossein Moussavi, até ai tudo permanece normal, ou ceteris paribus.
Há uma tendência dentro de nós, e da mídia de ver nessas manifestações uma tentativa de se libertar (uma primavera dirão os românticos de tendências socialistas), de criar uma nova ordem a pauta das manifestações até o momento não supõe uma nova forma de organização política do país, mesmo desafiando a autoridade do Líder Supremo, o movimento não se mostra um desafio ao regime, há sem duvidas uma pressão quanto à atuação de atores do regime, mas não quanto às regras. O que reforça a imagem do ceteris paribus.
Os protestos são em essência de pessoas que no máximo são reformistas do regime estabelecido, tanto que recorreram à autoridade do Líder Supremo, em um primeiro momento para mediar à disputa. O regime aproveitou para apontar potências estrangeiras que intervêm em questões iranianas, e o chamado Ocidente pedindo contenção e investigação tanto dos resultados como da repressão. Novamente ceteris paribus.
Nesse sábado, contudo, surgiu um fato novo que demanda uma análise fria, que foi a explosão perto do mausoléu do Aiatolá Khomeini, figura emblemática e primeiro Líder Supremo e personalidade ainda cultuada politicamente e que a memória é parte do processo de legitimação do regime.
O motivo, o método e o grupo que empregou essa explosão ainda não estão definidos, e dificilmente teremos uma resposta satisfatória dada à natureza do regime, segundo algumas fontes a explosão teria sido levado a cabo por um terrorista suicida, segundo outros foi uma bomba plantada pelo próprio regime, e ainda há a tese de um grupo islâmico opositor ao regime, mas não afiliado aos grupos que protestam agora.
A análise ao calor dos acontecimentos é limitada pela pouca disponibilidade de fontes, a solução que podemos ter para resolver isso é usar das experiências passadas, buscar na história paralelos (o que tem fragilidades intrínsecas) e ficar atentos a repercussão dos próximos dias. Lembremos que muitos acreditaram que o regime chinês seria forçado a abertura depois dos protestos que ficaram conhecidos como protestos da Praça da Paz Celestial e, no entanto não foi isso o que se viu, vimos uma manutenção do regime e da repressão e gradualmente a retomada da ordem, tanto que desde essas manifestações não são vistas outras do mesmo volume na China Continental, isso sem lembrar a rápida superação da situação no Tibet.
Muito do que vai acontecer dependerá de se o atual Aiatolá conseguirá manter sua força moral, dentro do Conselho dos Guardiões da Revolução, ou se esses vão se aproveitar disso para colocar um novo líder supremo, que ceda em alguns pontos com agenda dos protestantes criando mais lealdade ao Regime.
O mais provável é que o regime recrudesça e retome a ordem, incluindo até métodos violentos para dissuadir novos protestos e ai o impasse se instalará ou não a depender do se arrefecerá ou não os ânimos dos que protestam e o tempo que esse processo levará. É provável, também, que lamentavelmente o nível de violência se intensifique numa ambiente cada vez mais polarizado. Uma coisa importante é que a existência desses protestos pode enfraquecer os ímpetos corrosivos de Ahmadinejad, embora, esse não tenha se manifestado sobre os protestos e voltou a afirmar que o império americano caiu com atual crise, ou seja, já sabem, ceteris paribus.
A hipótese de que a explosão tenha sido causada por um movimento de oposição clara e inequívoca ao regime, portanto, não confundir com reformistas, esse grupo mostraria uma escalada dos opositores viscerais do regime, o que pode servir para justificar medidas de recrudescimento, "um AI- 5 dos Aiatolás". Preocupante por que significaria uma possibilidade de ainda maior radicalização de um regime e de seus opositores, que poderiam em alguma instancia remota, mas possível colocar as instituições iranianas em falência. O que pioraria muito as relações no oriente médio, e no Iraque, caso irrompa uma guerra civil ao lado de outro país em conflito.
Embora não haja elementos que mostrem qualquer sinal de fraqueza no regime, já que a meu ver os protestos são dentro do regime por não defenderem uma nova organização, não é um levante, não é a primavera de Praga, não são clamores por mais liberdade e democracia, e sim clamores, para que o atual nível de liberdade de escolha seja respeitado. Não são embates entre liberais e conservadores, são a meu ver embates entre centro-esquerda e centro-direita, pra usar uma figura, que não é apropriada, mas é útil para mostrar que nenhum lado não adere ao Regime.
Alguns traçam paralelos de 1979 com 2009 é certo que a explosão foi um fato novo, mas suas conseqüências, seus desdobramentos ainda não são vislumbráveis, portanto, não há elementos pra dizer que as constantes comecem a ser alteradas, assim até que provas concretas surjam, eleições no Irã, ceteris paribus.
Assistimos nos últimos dias apesar da censura imposta aos jornalistas estrangeiros e graças a ferramentas da internet e das redes sociais e telefonia móvel, principalmente, a freqüentes protestos (cada vez mais violentos, por sinal) e manifestações populares acerca do resultado das eleições iranianas, o Líder Supremo Aiatolá Khamenei, se manifestou ratificando o resultado a partir da Universidade de Teerã um dos pontos originários dos protestos atuais e dos históricos que ajudaram a instaurar o atual Regime, ou seja, de um lugar simbólico o Aiatolá deu seu ultimato aos que insistem na chamada “onda verde” do candidato derrotado Mir Hossein Moussavi, até ai tudo permanece normal, ou ceteris paribus.
Há uma tendência dentro de nós, e da mídia de ver nessas manifestações uma tentativa de se libertar (uma primavera dirão os românticos de tendências socialistas), de criar uma nova ordem a pauta das manifestações até o momento não supõe uma nova forma de organização política do país, mesmo desafiando a autoridade do Líder Supremo, o movimento não se mostra um desafio ao regime, há sem duvidas uma pressão quanto à atuação de atores do regime, mas não quanto às regras. O que reforça a imagem do ceteris paribus.
Os protestos são em essência de pessoas que no máximo são reformistas do regime estabelecido, tanto que recorreram à autoridade do Líder Supremo, em um primeiro momento para mediar à disputa. O regime aproveitou para apontar potências estrangeiras que intervêm em questões iranianas, e o chamado Ocidente pedindo contenção e investigação tanto dos resultados como da repressão. Novamente ceteris paribus.
Nesse sábado, contudo, surgiu um fato novo que demanda uma análise fria, que foi a explosão perto do mausoléu do Aiatolá Khomeini, figura emblemática e primeiro Líder Supremo e personalidade ainda cultuada politicamente e que a memória é parte do processo de legitimação do regime.
O motivo, o método e o grupo que empregou essa explosão ainda não estão definidos, e dificilmente teremos uma resposta satisfatória dada à natureza do regime, segundo algumas fontes a explosão teria sido levado a cabo por um terrorista suicida, segundo outros foi uma bomba plantada pelo próprio regime, e ainda há a tese de um grupo islâmico opositor ao regime, mas não afiliado aos grupos que protestam agora.
A análise ao calor dos acontecimentos é limitada pela pouca disponibilidade de fontes, a solução que podemos ter para resolver isso é usar das experiências passadas, buscar na história paralelos (o que tem fragilidades intrínsecas) e ficar atentos a repercussão dos próximos dias. Lembremos que muitos acreditaram que o regime chinês seria forçado a abertura depois dos protestos que ficaram conhecidos como protestos da Praça da Paz Celestial e, no entanto não foi isso o que se viu, vimos uma manutenção do regime e da repressão e gradualmente a retomada da ordem, tanto que desde essas manifestações não são vistas outras do mesmo volume na China Continental, isso sem lembrar a rápida superação da situação no Tibet.
Muito do que vai acontecer dependerá de se o atual Aiatolá conseguirá manter sua força moral, dentro do Conselho dos Guardiões da Revolução, ou se esses vão se aproveitar disso para colocar um novo líder supremo, que ceda em alguns pontos com agenda dos protestantes criando mais lealdade ao Regime.
O mais provável é que o regime recrudesça e retome a ordem, incluindo até métodos violentos para dissuadir novos protestos e ai o impasse se instalará ou não a depender do se arrefecerá ou não os ânimos dos que protestam e o tempo que esse processo levará. É provável, também, que lamentavelmente o nível de violência se intensifique numa ambiente cada vez mais polarizado. Uma coisa importante é que a existência desses protestos pode enfraquecer os ímpetos corrosivos de Ahmadinejad, embora, esse não tenha se manifestado sobre os protestos e voltou a afirmar que o império americano caiu com atual crise, ou seja, já sabem, ceteris paribus.
A hipótese de que a explosão tenha sido causada por um movimento de oposição clara e inequívoca ao regime, portanto, não confundir com reformistas, esse grupo mostraria uma escalada dos opositores viscerais do regime, o que pode servir para justificar medidas de recrudescimento, "um AI- 5 dos Aiatolás". Preocupante por que significaria uma possibilidade de ainda maior radicalização de um regime e de seus opositores, que poderiam em alguma instancia remota, mas possível colocar as instituições iranianas em falência. O que pioraria muito as relações no oriente médio, e no Iraque, caso irrompa uma guerra civil ao lado de outro país em conflito.
Embora não haja elementos que mostrem qualquer sinal de fraqueza no regime, já que a meu ver os protestos são dentro do regime por não defenderem uma nova organização, não é um levante, não é a primavera de Praga, não são clamores por mais liberdade e democracia, e sim clamores, para que o atual nível de liberdade de escolha seja respeitado. Não são embates entre liberais e conservadores, são a meu ver embates entre centro-esquerda e centro-direita, pra usar uma figura, que não é apropriada, mas é útil para mostrar que nenhum lado não adere ao Regime.
Alguns traçam paralelos de 1979 com 2009 é certo que a explosão foi um fato novo, mas suas conseqüências, seus desdobramentos ainda não são vislumbráveis, portanto, não há elementos pra dizer que as constantes comecem a ser alteradas, assim até que provas concretas surjam, eleições no Irã, ceteris paribus.
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