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Teorias econômicas sobre o comércio internacional - sínstese do modelo ricardiano

Para Ricardo[1] o comércio é impulsionado pela diferença na produtividade da mão-de-obra entre os diversos países. Ricardo avalia o comércio internacional valendo-se apenas de um fator de produção o trabalho (L) e toda sua analise da diferença entre os custo de produção de um determinado país se baseia na produtividade do trabalho utilizado para produzir determinado bem.

O Modelo Ricardiano tem como premissa básica o conceito de vantagens comparativas: Que pode ser descrito como a vantagem que determinado país possui por ter o custo de oportunidade de produção de um bem em relação a outros bens menor que em outros países. Partindo dessa abordagem, pode-se inferir que o modelo ricardiano prega a especialização na produção de determinado bem pelo país que possui as maiores vantagens comparativas na produção do mesmo.

Esse modelo prega que a especialização dos que possuem maiores vantagens maximiza o uso dos recursos de produção[2], ampliando a curva de possibilidades de produção[3], aumentando assim a eficiência da economia elevando a oferta de bens e por força da eficiência econômica diminuindo o preço desse mesmo bem. Uma vez que há especialização o nível geral de salários tende a subir sendo assim responsável pelo aumento na demanda.

Os ganhos de comércio nesse modelo podem ser observados de duas maneiras. Em vez de produzir determinado bem para o consumo o interno o país produz outro bem, no qual possui vantagens comparativas comercializa esse bem com intuito de usar a renda proveniente de sua venda para adquirir o outro bem. Ou pode-se usar a abordagem de que o comércio aumenta as possibilidades de consumo de um país. As vantagens do comércio podem, também, ser observadas no aumento do poder de compra dos trabalhadores. Os quais necessitam de menos horas de trabalho para comprar as mesmas quantidades da situação anterior ao comércio.

Esses ganhos de comércio do modelo Ricardiano só são possíveis uma vez que não há fatores externos alterando artificialmente as vantagens comparativas como impostos. Esse modelo foi o primeiro modelo a mostrar os ganhos que o livre comércio traz a uma nação.



[1]A referencia clássica é RICARDO, David. The Principles of Political Economy and Taxation. Publicado pela primeira vez em 1817.

[2] Nesse modelo entendida como Produtividade da Mão-de-Obra.

[3]A curva de possibilidade de produção é a curva que oferece as combinações possíveis de utilização dos recursos por um país, o modelo ricardiano prega que por força do comércio a curva de produção se expande já que há uma maior oferta de recursos. No caso do modelo Ricardiano a Fronteira de Possibilidades de Produção se apresenta graficamente como uma reta.

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