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Extremismo ou ainda sobre a Noruega. Uma reflexão exploratória

O lugar comum seria começar esse texto conceituando extremismo como doutrina política que preconiza ações radicais e revolucionárias como meio de mudança política, em especial com o uso da violência.

Mas, a essa altura até o mais alheio leitor sabe bem o que é o extremismo em todas as suas encarnações seja na direita tresloucada e racista como os neonazistas, seja na esquerda radical dos guerrilheiros da FARC e revolucionários comunistas, seja a de caráter religioso dos grupos mulçumanos, dos cristãos, em geral milenaristas, que assassinam médicos abortistas. Em resumo, todos esses que odeiam a liberdade individual e a democracia.

Todos esses radicais extremistas tem algo em comum. Todos eles estão absolutamente convencidos que suas culturas, sociedades estão sob cerco do outro, um cerco insidioso e conspiratório e que a única maneira de se resgatarem dessa conspiração contra eles é buscar a pureza (racial, religiosa, ideológica e por ai vai) e agir com firmeza contra o inimigo. Nesse sentido não há para eles inocentes todos são alvos legítimos.

Aqui cabe um parênteses muitos me abordam nas redes sociais um tanto chocados com o vocábulo verme que tenho usado para me referir ao assassino norueguês. A explicação é simples se do ponto de vista legal ele é protegido por todas as leis que garantem os Direitos Humanos. De um ponto de vista muito particular meu ele perde ao se tornar terrorista o status de ser humano.

O extremismo sempre foi o principal inimigo da democracia seja na sua faceta nazi-fascista seja na igualmente ou até mais assassina (a depender da contagem) comunista. E é esse o maior desafio encontrado pelas sociedades ao redor do mundo como conter e processar os radicais sem cercear a liberdade de expressão, de reunião e etc.

O terrorismo dos extremistas impacta fortemente a opinião pública que pressiona as autoridades para encontrar uma solução e manter a segurança isso coloca nos agentes responsáveis uma considerável pressão que explica excessos lamentáveis e imperdoáveis como os que levaram o brasileiro Jean Charles a morte.

Lidar com a análise política exige por vezes estômago, explico é muito difícil não se enojar com o hábito comum de fazer política e vender ideologia barata usando corpos de inocentes como palanque.

E esse é o caso de muitos textos que tenho lido sobre os ataques. Não, não falo que estão erradas em apontar o perigo dos radicais de direita. Essa lembrança e denuncia deve ser feita SEMPRE. Falo é do uso do acontecido e do fato do autor ser loiro, cristão e europeu para generalizar e dizer que todo cristão seria um radical extremista em potencial. Claro, que nessa tese se esquece um grupo terrorista cristão do IRA por que esse conta com alguma simpatia das esquerdas.

Sim, meus caros, a maior parte dos que agora aponta dedos acusadores chamando todos de hipócritas acabam por fazer o que acusam. Explico, há um erro crasso em qualquer análise que é tomar a parte como o todo. Ou seja, achar que todo muçulmano é radical extremista. Agora vale lembrar que o mesmo vale para o caso atual.

Falando do caso em voga é preciso sim que as autoridades norueguesas expliquem por que um indivíduo como esse não havia sido checado mais de perto mesmo depois de ter chamado atenção com uma compra de produtos químicos. Além do tempo de resposta elevado para a crise na ilha de Utoya.

E mais ficou claro que é urgente que se acompanhe todos os grupos extremistas de perto, é hora das agências de inteligência e as forças de segurança justificarem seus orçamentos.

Resta claro que apesar do avanço das idéias de extrema direita (e não se deve confundir com a direita) não há respaldo popular significativo para seus atos de violência. O mesmo será verdadeiro para os outros extremismos?

Há muita bruma e muito interesse nessas análises por isso eu convido cada um de vocês a analisar os argumentos, verificar a lógica interna dessas análises e acima de tudo observar e avaliar as premissas. E tirem suas conclusões.

_________________

PS: Para constar não creio que o terrorista seja louco.

PPS: Espero que todos os que comunguem das idéias e planos desse terrorista sejam detidos e processados se for o caso.

PPPS: A dificuldade é que não dá pra esquecer o terrorismo islâmico, ao contrário do que querem alguns oportunistas é uma ameaça real.

Comentários

Acredito que o quesito extremismo seja atualmente um dos pontos mais controversos da atualidade, uma vez que da legitimidade a inúmeros governos,atos etc.
Ainda o próprio fator terrorismo ainda é questionável pela mídia ( alienante) que trata quem não segue as diretrizes como "terroristas", mas como não recorrer as armas quando um povo é massacrado? Queríamos ter mais Guandhis ou Mandelas, porém a luta pela paz esta cada vez mais ceifada por sangue.
Bom blog.
Visite-me.
Rômulo disse…
E com todos esses problemas internacionais os gastos vão e os resultados (positivos) continuam sem dar as caras.
Acredito que os extremistas não estão nem perto do que ainda podem fazer e vão.e se o empurra empurra com a barriga continuar aparecerão atentados a níveis que ainda nem podemos imaginar.
É tiro pra todo lado e salve-se quem puder.

muito bom o espaço aqui ,bastante esclarecedor =]
seguindo
abrç
http://algopoetico.blogspot.com/
Infelizmente, para mim, a política por si só é terrorismo. Cresci vendo e ouvindo canalhices de todos os tipos vindas daqueles que deveriam ser exemplo de honestidade. Tento olhar além e enxergar aqueles que ainda lutam por justiça, mas vasculho os cantos e não encontro. Ou estão escondidos pela sujeira da maioria, ou não existem. Torço pela primeira opção.
Parabéns pelo blog!

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